segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Sr. Presidente

Há meses, para não dizer há anos, que me catalogam por cavaquista. Coisa recorrente na era Sócrates, agora também na versão Passos - épocas distintas em que, por razões diversas, o papel do chefe de Estado me pareceu sempre fundamental para preservar a frágil sanidade do sistema político nacional.

Nas últimas semanas, porém, os indícios de que alguma coisa corre mal por Belém tornaram-se evidentes. Os sucessivos ditos públicos em sentido contrário ao do Governo (uns justificados, outros não tanto); as declarações pouco felizes´, auto-centradas; e agora uma espécie de spin avançado, em modo de contra-ataque.

Ontem ouvi Marcelo Rebelo de Sousa, conselheiro nomeado pelo Presidente, dizer em público o que durante o fim-de-semana me apeteceu explicitar: há quem,
a volta do Presidente, não esteja a ver o filme em que o país está metido. E que não perceba que um problema não se resolve nunca criando outro maior.

Enquanto é tempo, era bom que alguns cavaquistas (porque nisto há cavaquistas e cavaquistas) pensassem nisso um minuto antes de falar. E era bom também que o sr Presidente pusesse ordem na casa - e no seu próprio espírito - para travar males menores. Enquanto é tempo, disse eu.

P.S. A coisa está tão feia que ouço o líder do PS a dizer alto e bom som que não é tempo para problemas institucionais entre Belém e São Bento - com as consequências que isso terá para a sua própria gestão partidária. A Grécia é pior? É. Mas se não temos juizo é mesmo ao passar da porta.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Da caça às bruxas

 E entretanto vai fazendo caminho um argumentário segundo o qual os maçons estão a ser alvo de uma verdadeira caça às bruxas, uma coisa que resulta dos tempos de crise que vivemos. Enfiando a carapuça toda, gostaria de recordar o seguinte, para quem ainda não tenha reparado. Há um maçon ex-chefe do SIED sob suspeita de ter traficado informação com uma empresa para a qual agora trabalha e que é liderada por outro maçom - sendo que são ambos da mesma obediência e da mesma Loja. Dito de outra forma: as relações maçónicas são o pano de fundo daquilo que parece ser um crime - e que aliás está sob investigação. E, por outro lado, no Parlamento, tendo os três principais partidos - os do chamado "arco da governabilidade" - forte presença maçónica, são obliteradas referências às "influências maçónicas" nos serviços secretos.  Repararam no problema? Estão suspeitas de actos criminosos em causa.

sábado, 7 de janeiro de 2012

'o resto é ruído'

'Entendamo-nos: o problema primeiro de Jorge Silva Carvalho não é ser maçon, é ser suspeito de ter praticado, antes e depois de deixar o SIED, graves irregularidades', escreve o JPHenriques no DN de hoje, e é... isso! (para a próxima envia-me o artigo, é mais fácil fazer c&p)

E o 'nosso JPH' não foi o único a escrever sobre o tema, de tudo o que se escreveu, escolho, sem hesitar, o artigo de JPP, no Público, também deste sábado. Para não se maçarem muito, comecem logo a ler a partir daqui: 'O que leva A. B. e C. a serem mações? O que leva gente dependurada em gadgets, e modernaça, a este mundo anacrónico da maçonaria? Da maçonaria que conhecem muito pouco e parece-me pouco provável que tenham o ritual como coisa para levar a sério, embora não ignore que a própria estranheza litúrgica do rito seja dadora de identidade. A linguagem maçónica que usam não pode ser mais elaborada do que a linguagem que usam na política, uma mistura de sms, twitter e "politiquês".' e por aí adiante... 

'E pode ser que o Supremo Arquitecto também abata os falsos pedreiros. Pode ser, não é certo, mas pode ser'.