Há meses, para não dizer há anos, que me catalogam por cavaquista. Coisa recorrente na era Sócrates, agora também na versão Passos - épocas distintas em que, por razões diversas, o papel do chefe de Estado me pareceu sempre fundamental para preservar a frágil sanidade do sistema político nacional.
Nas últimas semanas, porém, os indícios de que alguma coisa corre mal por Belém tornaram-se evidentes. Os sucessivos ditos públicos em sentido contrário ao do Governo (uns justificados, outros não tanto); as declarações pouco felizes´, auto-centradas; e agora uma espécie de spin avançado, em modo de contra-ataque.
Ontem ouvi Marcelo Rebelo de Sousa, conselheiro nomeado pelo Presidente, dizer em público o que durante o fim-de-semana me apeteceu explicitar: há quem,
a volta do Presidente, não esteja a ver o filme em que o país está metido. E que não perceba que um problema não se resolve nunca criando outro maior.
Enquanto é tempo, era bom que alguns cavaquistas (porque nisto há cavaquistas e cavaquistas) pensassem nisso um minuto antes de falar. E era bom também que o sr Presidente pusesse ordem na casa - e no seu próprio espírito - para travar males menores. Enquanto é tempo, disse eu.
P.S. A coisa está tão feia que ouço o líder do PS a dizer alto e bom som que não é tempo para problemas institucionais entre Belém e São Bento - com as consequências que isso terá para a sua própria gestão partidária. A Grécia é pior? É. Mas se não temos juizo é mesmo ao passar da porta.
A minha vida não é isto
segunda-feira, 30 de janeiro de 2012
Sr. Presidente
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David Dinis
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segunda-feira, 9 de janeiro de 2012
Da caça às bruxas
E entretanto vai fazendo caminho um argumentário segundo o qual os maçons estão a ser alvo de uma verdadeira caça às bruxas, uma coisa que resulta dos tempos de crise que vivemos. Enfiando a carapuça toda, gostaria de recordar o seguinte, para quem ainda não tenha reparado. Há um maçon ex-chefe do SIED sob suspeita de ter traficado informação com uma empresa para a qual agora trabalha e que é liderada por outro maçom - sendo que são ambos da mesma obediência e da mesma Loja. Dito de outra forma: as relações maçónicas são o pano de fundo daquilo que parece ser um crime - e que aliás está sob investigação. E, por outro lado, no Parlamento, tendo os três principais partidos - os do chamado "arco da governabilidade" - forte presença maçónica, são obliteradas referências às "influências maçónicas" nos serviços secretos. Repararam no problema? Estão suspeitas de actos criminosos em causa.
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João Pedro Henriques
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sábado, 7 de janeiro de 2012
'o resto é ruído'
'Entendamo-nos: o problema primeiro de Jorge Silva Carvalho não é ser maçon, é ser suspeito de ter praticado, antes e depois de deixar o SIED, graves irregularidades', escreve o JPHenriques no DN de hoje, e é... isso! (para a próxima envia-me o artigo, é mais fácil fazer c&p)
E o 'nosso JPH' não foi o único a escrever sobre o tema, de tudo o que se escreveu, escolho, sem hesitar, o artigo de JPP, no Público, também deste sábado. Para não se maçarem muito, comecem logo a ler a partir daqui: 'O que leva A. B. e C. a serem mações? O que leva gente dependurada em gadgets, e modernaça, a este mundo anacrónico da maçonaria? Da maçonaria que conhecem muito pouco e parece-me pouco provável que tenham o ritual como coisa para levar a sério, embora não ignore que a própria estranheza litúrgica do rito seja dadora de identidade. A linguagem maçónica que usam não pode ser mais elaborada do que a linguagem que usam na política, uma mistura de sms, twitter e "politiquês".' e por aí adiante...
'E pode ser que o Supremo Arquitecto também abata os falsos pedreiros. Pode ser, não é certo, mas pode ser'.
sábado, 31 de dezembro de 2011
'Num aperto, não se pode contar com ele'
'Depois de um primeiro mandato que se distinguiu pela patriótica ambição de ganhar um segundo, no fim Cavaco lá ganhou. Entretanto, para não perder um voto, evitou prevenir o país do estado em que de facto estava e da catástrofe que lhe preparavam. Continua como sempre foi: um discípulo menor de Marcelo Caetano, com uma vaguíssima inclinação para a social-democracia. Num aperto, não se pode contar com ele.'
VPV na 'opinião' de hoje, no Público. O próprio título, 'Heróis do nosso tempo' (sim, lemos Lérmontov), neste caso é sombrio (no outro, sempre tínhamos o 'brio romântico); todas estas figuras são cinzentas, vazias e com uma desapaixonada e medíocre ideia de poder. Não temos mesmo 'por quem substituir as ilusões'.
Bom Ano, e boa sorte.
VPV na 'opinião' de hoje, no Público. O próprio título, 'Heróis do nosso tempo' (sim, lemos Lérmontov), neste caso é sombrio (no outro, sempre tínhamos o 'brio romântico); todas estas figuras são cinzentas, vazias e com uma desapaixonada e medíocre ideia de poder. Não temos mesmo 'por quem substituir as ilusões'.
Bom Ano, e boa sorte.
domingo, 18 de dezembro de 2011
Leituras de FdS
D&D: 'No es de extrañar que la pérdida de fe en la democracia haya sido mayor en los países que han sufrido las recesiones económicas más graves.' Paul Krugman, aqui.
sexta-feira, 16 de dezembro de 2011
quinta-feira, 15 de dezembro de 2011
terça-feira, 13 de dezembro de 2011
Dando uma no cravo e outra na ferradura dão-se pelo menos duas
Há várias maneiras de olhar para o rompimento da Ruptura/FER com o Bloco de Esquerda. Poderemos sempre dizer – talvez injustamente – que nas tempestades os ratinhos são sempre os primeiro a abandonar o barco. Mas entretanto soube, pela crónica desta manhã do Fernando Alves na TSF, que afinal os ratos são altruístas - sendo que assim estaria a ser injusto para os pobres ratos. Difícil escolha.
Regressemos então ao que nos parece definitavamente consolidado no pensamento nacional – dar uma no cravo e outra na ferradura. A experiência e aproximadamente 27 segundos de reflexão continuada dizem-me que o exagero das qualidades humanas acaba muitas vezes por redundar em defeitos. Dito de outra forma: os defeitos humanos são muitas vezes as qualidades levadas ao exagero.
Da coragem (uma qualidade) à burrice (um defeito) pode ir um passinho de hamster. Pode ser que, rompendo com o BE, a Ruptura/FER não esteja senão afinal a ser corajosa, assumindo que já não tem nada que ver com o partido e indo à sua vida, formando um novo partindo, arriscando ir a votos; mas pode ser também que depois, indo a votos, se confronte não só com o seu presente mas também com aquilo que sempre foi: algo de profundamente irrelevante.
Prognósticos...enfim...já sabem.
Publicada por
João Pedro Henriques
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13:12
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