Há meses, para não dizer há anos, que me catalogam por cavaquista. Coisa recorrente na era Sócrates, agora também na versão Passos - épocas distintas em que, por razões diversas, o papel do chefe de Estado me pareceu sempre fundamental para preservar a frágil sanidade do sistema político nacional.
Nas últimas semanas, porém, os indícios de que alguma coisa corre mal por Belém tornaram-se evidentes. Os sucessivos ditos públicos em sentido contrário ao do Governo (uns justificados, outros não tanto); as declarações pouco felizes´, auto-centradas; e agora uma espécie de spin avançado, em modo de contra-ataque.
Ontem ouvi Marcelo Rebelo de Sousa, conselheiro nomeado pelo Presidente, dizer em público o que durante o fim-de-semana me apeteceu explicitar: há quem,
a volta do Presidente, não esteja a ver o filme em que o país está metido. E que não perceba que um problema não se resolve nunca criando outro maior.
Enquanto é tempo, era bom que alguns cavaquistas (porque nisto há cavaquistas e cavaquistas) pensassem nisso um minuto antes de falar. E era bom também que o sr Presidente pusesse ordem na casa - e no seu próprio espírito - para travar males menores. Enquanto é tempo, disse eu.
P.S. A coisa está tão feia que ouço o líder do PS a dizer alto e bom som que não é tempo para problemas institucionais entre Belém e São Bento - com as consequências que isso terá para a sua própria gestão partidária. A Grécia é pior? É. Mas se não temos juizo é mesmo ao passar da porta.
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