domingo, 27 de fevereiro de 2011

Fôlego

O que eu gostava de poder escrever frases assim (encham o peito de ar):

A princesa Ghislaine de Polignac, nascida Ghislaine Brinquant em Biarritz a Victor Brinquant e a sua mulher, Simone Durand de Villers, de uma família das Landes, casada em 1939 em Paris com o príncipe Edmond de Polignac, chefe de uma das grandes casas de França, perdidamente apaixonado por aquela rapariga loira e singularíssima de quem viria a divorciar-se sete anos mais tarde indo logo a seguir a tribunal tentar - em vão - impedi-la de usar o título de princesa de Polignac (mudaria apenas de princesse Edmond de Polignac para princesse Ghislaine de Polignac), que morreu em Janeiro na sua casa de França e por cuja alma foi celebrada uma missa em Paris no passado dia 3, foi uma das mulheres que mais animaram colunas de escândalos e intrigas mundanas, de um e do outro lado do Atlântico, nas décadas a seguir ao fim da Segunda Guerra Mundial, falando de outras e dando que falar dela (num pequeno poema satírico com conselhos a estrangeiros que quisessem conquistar Paris escrevera c'est chez Pam qu'on va baiser - Pam era a nora de Churchill que viria a morrer em 1997, viúva de Averrell Harriman depois de longos casos, inter alia com Gianni Agnelli, afogada na piscina do Ritz em Paris, para onde Clinton a nomeara embaixadora dos Estados Unidos) sendo protagonista ou testemunha de histórias escabrosas e divertidas de que ficamos a saber não só por fragmentos de memória de fofocas coevas mas porque muitos amigos e amigas da princesa eram homens e mulheres de letras, deixando um rastro de romances, de livros eruditos (talvez a biografia de Talleyrand mais perceptiva e bem escrita se deva a Duff Cooper, ministro de Churchill, embaixador britânico em Paris a seguir à guerra, femeeiro inveterado e amante de Ghislaine), livros de memórias (a mulher de Duff, Lady Diana Cooper, lembra nas dela o escândalo quando Ghislaine fora posta na rua de casa dos milionários americanos que visitava em Nova Iorque depois de a mulher ter voltado cedo do cabeleireiro e a ter apanhado na cama com o marido, indo dar a notícia aos outros convidados: "Tenho imensa pena dela. É verdade que, entre cem milhões de americanos, foi um disparate ir escolher aquele, mas coitada ter de voltar para Rheims a toque de caixa, com o rabo entre aquelas pernas desgovernadas. Uma humilhação".

Sem comentários:

Enviar um comentário