sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Bastões, democracia e "fascismo"

Manuel Lino/TVI 24
Há quem veja um bastão da polícia e grite “Fascismo!”. Os cãezinhos do senhor Pavlov também desatavam a salivar assim que ouviam uma campaínha – foram treinados para isso.

É mais fácil assim, rotular tudo de acordo com imagens pré-concebidas, etiquetas pronto-a-colar, insultos prontos a disparar. Não temos de pensar, verdadeiramente: surge uma imagem e imediatamente dizemos qualquer coisa. Os olhos estão directamente ligados à voz e pelo cérebro já não passa nada. Ter dúvidas? Ná! Às vezes o que parece não é? Nunca!

(Sendo, que muitas vezes, o double standard impera: se um bastão policial arrear num jovem “indignado” que quer derrubar uma barreira, a esquerda bem pensante berra “fascismo!”; mas se um bastão policial arrear num jovem hooligan de uma qualquer claque futebolística que quer derrubar uma barreira, então a mesma esquerda bem pensante aplaude!)

O que se passou ontem em frente à Assembleia, que segui pela televisões, resume-se em poucas palavras: foi colocada nesta manifestação – como em todas que ali ocorrem – uma vedação que impede o acesso dos manifestantes às escadarias. Depois houve manifestantes que tentaram mandar essa vedação abaixo e a polícia impediu. E houve pancadaria e empurrões e o costume nestas ocasiões. Se os manifestantes – aparentemente desenquadrados dos sindicatos – não tivessem tentado derrubar a vedação nada se teria passado.

Depois parece terem existido cenas de violência descontrolada pela polícia, nos arredores da AR, segundo alguns testemunhos – e portanto punam-se os responsáveis. (Já agora digo que também tenho testemunho de se juntaram aos “indignados” profissionais estrangeiros que andam pelo mundo a semear o caos – e agora vieram até cá fazer uma perninha.)

O que me parece recomendável é, portanto, que não se gaste a palavra “fascismo” com tudo e um par de botas. Digamos que será talvez ofensivo para quem sofreu durante 48 anos aquilo alguns chamam fascismo (e outros não), quem sofreu isso todos os dias, quotidianamente, com perseguições, humilhações, murros, pontapés e outras torturas bem mais dolorosas (cujas consequências alguns ainda hoje sofrem), digamos, dizia, que falar em fascismo a propósito do que se passou ontem, talvez possa ser, enfim, excessivo - para não dizer mesmo um tanto insultuoso.

Talvez, digo eu.

Sem comentários:

Enviar um comentário