quinta-feira, 24 de novembro de 2011

A greve geral e o Orçamento

Há dias pediam-me um texto sobre que consequências política teria esta greve para o Governo. Eu respondi - e hoje confirmei: nenhumas.
Duvido que Passos Coelho tenha, alguma vez, pensado que esta greve não chegasse como chegou. Ela era tão inevitável como o caminho que o Governo seguiu. De resto, acredito que greves como a de hoje ajudam o Governo a manter uma saudável tensão social. Saudável, sim, porque enquanto o protesto se organiza desta forma são menores as possibilidades de reais conflitos sociais.
Mas há um discurso que vejo aparecer nesta greve que mais me faz acreditar que, por agora, o Governo não tem que temer a rua. São os muitos sindicalistas que aparecem a criticar a Europa e a culpá-la pela situação vigente. A razoabilidade com que - grosso modo - todos encararam esta greve, PCP e CGTP incluídos, faz-me pensar que Passos Coelho tem ainda tempo para fazer o que entende necessário. E que ainda está de pé aquele acordo informal que lhe permitiu chegar a S.Bento.
Por razões naturais, quem mais parece tremer com a rua é o PS, que (e bem) resolveu não a apoiar oficialmente. Mas olhando para o facebook, a pressão sobre Seguro aumentou com esta nova abstenção. O que deixa o líder socialista na (má posição) de precisar como pão para a boca de uma cedência no Orçamento.
P.S. A resposta do primeiro-ministro ao pedido de protesto de Mário Soares, ontem, foi provavelmente a sua melhor dos últimos cinco meses.

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